sábado, 11 de janeiro de 2014

Crime ambiental no Penedo de Cortegaça

Há já alguns anos que o Penedo de Cortegaça vem sendo objecto de crimes ambientais.

A ofensiva foi iniciada na década de 90 do século passado e início deste século, com a exploração clandestina de pedreira, levada a cabo por uma "família tradicional" da Terrugem, que, entre vários "feitos", destruiu a estação arqueológica neolítica do "Penedo da Cortegaça" (5.000 a. C. - 2.000 a. C.).


Na altura alguns moradores de Coutinho Afonso e das Raposeiras denunciaram a situação às autoridades ambientais e conseguiram travar a continuação da exploração. Naturalmente que, de acordo com a legislação já existente na altura, para além da punição dos responsáveis, os danos provocados deveriam ter sido reparados, sendo, nomeadamente, cobertas e florestadas as áreas de pedreira ilegalmente abertas.

As razões de tal não ter sido efectuado nunca foram conhecidas, mas certamente que  as influências da tal família e o compadrio e ou a corrupção das autoridades regionais e locais são a única explicação aceitável.

Mas na actualidade, e aproveitando a degradação provocada anteriormente, os crimes ambientais continuam.

São-no a deposição das lamas residuais das oficinas de cantaria da zona na antiga pedreira, que se vem já traduzindo na contaminação das águas da serra - na proximidade dessa pedreira é já impossível usar a água proveniente de furos ou poços, mesmo para rega, uma vez que as plantas são "queimadas" por essas águas.

 Também a colocação de detritos no interior da pedreira e nos seus acessos se vem acentuando, completando a degradação de uma área extremamente rica do ponto de vista histórico, geológico e paisagístico.




Sobre a riqueza histórica e geológica do Penedo da Cortegaça podem ser consultados neste blogue:

Associação de Proprietários do Bairro de Raposeiras

A Associação de Proprietários do Bairro da Raposeiras foi formalmente criada em 27 de Janeiro de 1987, conforme o atesta a publicação da sua escritura:

 
 
Em 03 de Dezembro desse ano de 1987 a Câmara de Sintra publicava um edital no qual remetia para a Associação de Proprietários do Bairro das Raposeiras o esclarecimento de dúvidas sobre o processo de urbanização do bairro:


sábado, 4 de janeiro de 2014

Uma procissão em 1982

Em 31 de Maio de 1982 voltou a realizar-se em Sintra a procissão em honra de Nossa Senhora das Misericórdias, o que não acontecia há 100 anos.

Publicamos a notícia do jornal "Correio da Manhã", onde, numa das fotografias dacapa, se vêm habitantes do Algueirão "transportando os estandartes de Nosssa Senhora das Mercês e de S. Sebastião".

Julgamos que essa procissão se realizou não mais se realizou.



Coutinho Afonso na Wikipédia

Coutinho Afonso entrou na Wikipédia -
https://pt.wikipedia.org/wiki/Coutinho_Afonso

Eis a página que consta agora nesta enciclopédia da Internet:


Coutinho Afonso


Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

Coutinho Afonso é uma pequena aldeia da freguesia de Algueirão-Mem Martins, no concelho de Sintra. Situa-se no nordeste dessa freguesia, no limite com a de Pero Pinheiro – coordenadas Latitude: 38º 49’ 31” N, Longitude: 9º 19’ 25” W, Altitude 155 m.

As origens de Coutinho Afonso remontam ao Paleolítico Antigo ou Superior – 600.000 a 100.000 anos antes de Cristo –, como o atestam escavações efetuadas em 1966 pelo arqueólogo João José Fernandes Gomes na "estação paleolítica de superfície da Casa Caída". De acordo com o arqueólogo, esse povoado manteria a sua ocupação pelo menos até ao Paleolítico Médio – 100.000 a 40.000 anos a. C. (GOMES, 1970: 151).

No período romano Coutinho Afonso era atravessada por uma “(…) grande estrada romana que ligava Belas, Suimo, Casal da Mata, Coutinho Afonso e irá provavelmente ter ao Ramalhão.” (OLIVEIRA: 1987).

As primeiras referências escritas serão de 1348, em notícias de aforamentos* de terras do Convento de Santa Cruz de Coimbra em Maria Dias e "Gontijnha Afonso" (AHS, Núcleo Silva Marques).

Em 1570, no “Livro da Fazenda e Rendas da Universidade de Coimbra”, Coutinho Afonso “(…) é citado duas vezes a propósito de propriedades: ‘… uma vinha e muitas propriedades de pam que trazem (isto é arrendadas) dezanove ou vinte pessoas do dito lugar’ Nestas duas citações, duas variantes gráficas: a 1.ª = Coutinha Afonso; a 2.ª Guontinha Afonso (…)” (MADAHIL, 1940).

A “Lista de Comarcas do Reino”, de 1640, refere que Coutinho Afonso pertencia à Vintena** de Cortegraça e tinha 5 vizinhos (JFAMM, 2013).

Em 1758, na sequência do terramoto de 1755, o Marquês de Pombal ordenou a realização das “Memórias Paroquiais”, um interrogatório enviado aos párocos para que estes inquirissem a população. O resultado desses inquéritos é publicado em 1758, referindo que o termo de Sintra possui 22 vintenas, sendo que a “(…) Ventena de Cortegasa tem quatorze lugares = Cortegasa, Continha Afonso, Barouta, Maria Dias, Palmeyras, Quintanellas, Das Gozmas, Das Vivas, Sam Miguel, Condado, Cabrafiga, Lapas, Urnal, Mourelena (…)”. Nessas Memórias é referido que “(…) Contim affonço (…) tem sinco famílias com vinte, e seis pessoas (…)” (AZEVEDO, 1998: 152, 175).

O terramoto de 1755 terá provocado fortes danos em Coutinho Afonso, sendo aí registado o único óbito da freguesia de Santa Maria, na qual se inseria então Coutinho Afonso; referem as “Memórias Paroquiais”: “Aos 2 de Novembro de 1755 passou da vida prezente Martins solteiro, solteiro, morador em Coutinho Afonso desta freguesia que morreu por cauza do terramoto e foi sepultado no adro desta Igreja de Santa Maria de que fis este assento que assinei. Por comissão, o cura Hierónimo Rodrigues Moura.” (AZEVEDO, 1998: 117).

Em 1838, no levantamento efetuado pelo Visconde de Juromenha no livro "Cintra Pinturesca", era referido que Coutinho Afonso tinha sete fogos (JUROMENHA. 1838: 93).

Em 1940 os censos populacionais de referem que Coutinho Afonso tinha então 51 habitantes. Os censos mais recentes (2011) indicam uma população de 84 habitantes.


Notas

*Aforamento – concessão por longo prazo ou perpetuamente da exploração ou usufruto de uma propriedade, mediante o pagamento de determinada renda.

**Vintena – forma arcaica de organização administrativa do território, já referenciada nas Ordenações Afonsinas, extinta com o Liberalismo, que agrupava vinte vizinhos, ou seja, chefes de família, em torno de uma 'cabeça', que correspondia a um lugar ou aldeia. Cada vintena tinha o seu juiz, eleito pela vereação camarária, estando subordinado ao juiz de fora ou ordinário (…). - in http://arquivomuseualenquer.blogspot.pt/2011/10/antiga-vintena-do-camarnal.html)


Bibliografia:

GOMES, José Fernando – Duas Novas Estações Pré-históricas na Região de Sintra. “Ethnos” revista do Instituto Português de Arqueologia, História e Etnografia, vol. VII. Lisboa: 1970.

ARQUIVO HISTÓRICO DE SINTRA (AHS) – Documentação medieval (Núcleo Silva Marques). Citado (por Rui Oliveira?) no sítio da Internet da Junta de Freguesia de Algueirão-Mem Martins, consulta em Set.2013.

AZEVEDO, José Alfredo da Costa, 1982 – “Memórias Paroquiais, referentes a Sintra e seu termo (1758)”. In: Obras de José Alfredo da Costa Azevedo V – Memórias do Tempo, edição da C.M. de Sintra. Sintra: 1998.

AZEVEDO, José Alfredo da Costa, 1982 – “O Terramoto de 1755”. In: Obras de José Alfredo da Costa Azevedo V – Memórias do Tempo, Câmara Municipal de Sintra. Sintra: 1998.

MADAHIL, António Rocha – Livro da Fazenda e Rendas da Universidade de Coimbra em 1570. Coimbra, 1940. Citado por Rui Oliveira em ”O Rústico e o Pitoresco de Coutinho Afonso” in: jornal?, Jul.2000. p. 14.

JUNTA DE FREGUESIA DE ALGUEIRÃO-MEM MARTINS (JFAMM), sítio na Internet – “Da Época Medieval à Actualidade”. Consulta em Set.2013.

JUROMENHA Visconde de – Cintra Pinturesca, 1838. Reimpressão anastática da edição original. Câmara Municipal de Sintra. Sintra:1990.

OLIVEIRA, Rui – Breve História do Casal da Mata. In: “Jornal de Sintra” de 03/07/1987. Sintra: 1987. Blogue “Coutinho Afonso” – http://coutinho-afonso.blogspot.pt/. Consulta em Jan.2014.

quarta-feira, 1 de janeiro de 2014

A igreja do Algueirão

A Igreja de S. José, no Algueirão, comemorou em 2009-2010 o seu cinquentenário.



 
 
 
A história da Igreja é relatada no sítio da paróquia de Algueirão-Mem Martins na Internet - http://zakeu.no-ip.org/az.php?az=historia -, de onde retiramos o seguinte excerto:

 
"Introdução 
A história da nossa paróquia é longa, remetendo para os anos 50. Entre outras pessoas, foi o Pe. Alfredo Guilherme Ferreira o responsável pela construção da Igreja Matriz de Algueirão. 
A 8 de Dezembro de 1958, o Pe. Alfredo, sucessor do prior de S.Martinho, o Pe. Abílio Lourenço, toma a seu cargo a paróquia de S.Pedro de Sintra, que na altura se encontrava dividida em quatro grandes blocos: S.Pedro, Linhó, Algueirão e Mem-Martins. 
A construção 
Logo no ano seguinte deu-se início à construção da Igreja Matriz de Algueirão. O projecto da mesma foi realizado pelo arquitecto Amorim, apadrinhado pelo padre Alfredo, sendo que uma importante ajuda é dada pela comissão de melhoramentos, formada por católicos e não católicos, que viam na obra um passo para o progresso e uma fonte de benefícios para a terra. A Igreja foi construída num terreno cedido pela câmara em troca de um outro terreno de igual área, pertencente a um paroquiano, o sr. Artur Miranda, contudo este terreno nunca chegou a ser da câmara, tendo sido doado à igreja, para ser vendido em talhões. O orçamento, que foi requisitado às empresas Alves Ribeiro e Diamantino Tojal, sendo a obra entregue à Alves Ribeiro, teve um valor aproximado de 1.320.000$ (aprox. €6510), desta quantia 500.000$ (aprox. €2500) foram angariados pelos paroquianos através da participação em festas e das esmolas; o estado contribuiu com 470.000$ (€2350). 
Com a venda dos talhões do terreno, foi possível angariar uma quantia que permitiu não só o pagamento do terreno como também o início do sonho de um centro paroquial (sonho que ganhou forma apenas em 96). 
A primeira pedra foi colocada a 15 de Agosto de 1959, sendo a cerimónia presidida pelo arcebispo D. Manuel dos Santos Rocha, mais tarde Bispo de Beja, e o padroado da paróquia confiado a S.José, visto que não existia no concelho nenhuma a ele dedicada. 

A freguesia e a Paróquia 
Através de um processo, em 1961, reconhecido pela Junta, assinado por um número estimado de 600 votantes, deu-se a constituição da freguesia (de que então faziam parte S.Pedro, Algueirão, Mem-Martins, Sacotes, Coutinho Afonso, Santa Maria, Mercês, a Quinta das Mercês até Rio de Mouro, Baratã e o Telhal até Belas) que foi organizada em função da paróquia. Factos que contribuíram para a aprovação do processo deve-se a existirem 6500 pessoas a residir na freguesia e o de esta ter uma corporação de bombeiros própria (que viera de Albarraque). 
A data religiosa da criação ficou assim estabelecida em 1 de Janeiro de 1962, enquanto que a data civil ficou estabelecida em 3 ou 4 de Janeiro do mesmo ano com a publicação no diário da república. 

Já nessa altura a paróquia possuía dimensões consideráveis: existiam por volta de 15 catequistas e havia comunhões com cerca de 100 crianças. A catequese era dada nas escolas de Mem-Martins, de Algueirão, no Colégio Santa Isabel e no Telhal. Às missas acorria um grande número de fiéis: na missa das 12 horas a igreja ficava cheia (mais ou menos 400 pessoas), e na missa das 8 horas, contava com cerca de 200 pessoas. 

Muitos anos antes da criação da Paróquia, os padres do Telhal, principalmente Fr. João Gameiro, o.h. celebravam ao Domingo na Capela das Marquesas das Mercês e na do Algueirão Velho - pelo menos nas décadas de '40 e '50 do século XX - território da actual paróquia! Por este facto e outros, providenciou-se uma ajuda preciosa enquanto o Pe. Alfredo se manteve à frente da paróquia, por parte dos padres do Telhal, entre os quais estão o Pe. Nuno Ferreira Filipe, o.h., o Pe. Dr. Aires Gameiro, o.h. - cuja colaboração foi a mais longa e mais diversificada, até alguns anos atrás - o Pe. Dr. Manuel Nogueira, o.h., o Pe. José Nunes Dorguete, o.h. entre outros cuja colaboração foi menos notada por ser mais esporádica, ou menos duradoura. A sua colaboração expressava-se com as celebrações do Baptismo, da Eucaristia, da Reconciliação, do Matrimónio e, por vezes, também de funerais! 
O Primeiro sacristão da paróquia foi um reabilitado social na Casa de Saúde do Telhal, para o qual o Pe. Alfredo favoreceu a construção de uma singela moradia ao lado da igreja! 
(...)"


No âmbito do cinquentenário da igreja foi também publicado um livro, do qual extraimos algumas páginas.











 
 
Na passagem do conquentenário a igreja sofreu obras de conservação e remodelação profundas. Algumas fotografias actuais da igreja: