sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

As filhoses

O doce mais tradicional do Natal na nossa zona é, sem dúvida, a filhó.
E ninguém as faz melhor do que a minha Mãe. Duas fotos das filhoses do ano passado (para abrir o apetite):


segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

O Circo Mariano e o Algueirão - 2

Afinal ainda encontrei mais um documento sobre o Circo Mariano - uma entrevista concedida por elementos do Circo ao extinto jornal "A Pena" de 19 de Dezembro de 2002:


sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

O Circo Mariano e o Algueirão

O Circo Mariano, uma das grandes companhias de circo nacionais, infelizmente hoje extinta, teve fortes ligações ao Algueirão.

No final da década de 60/início da década de 70 do século passado, o então proprietário do Circo Mariano, Henry Tony (nome artístico), também seu ilusionista, adquiriu uma quinta no Algueirão, na Recta da Granja, onde instalou os seus sogros, Cristiano e Lucília.

Após o 25 de Abril o próprio empresário e restante família estabeleceram-se mesmo no Algueirão, onde se tornaram figuras reconhecidas. Os sogros e o próprio Henry Tony já faleceram, mas a sua esposa e filha continuam a residir no Algueirão.

Recordo-me de pequeno particularmente do Sr. Cristiano, figura muito simpática e afável, e da sua esposa, uma senhora muito delicada e igualmente simpática.

D. Lucília


Nesta época natalícia, em que o circo "desce à cidade" , procuramos recolher alguma informação sobre o Circo Mariano (que não resultou tão rica quanto isso).
Das origens do Circo Mariano, encontramos uma nota biográfico do seu fundador Mariano Augusto Monteiro, definido como “o melhor empresário de circo português de todos os tempos” em http://www.flickr.com/photos/circoev/4035077837/.
O circo terá nascido na década de 20 do século XX, tendo com conhecido “grande pujança nos anos 50” e problemas no início da década de 70; foi nessa altura que Henry Tony terá adquirido o Circo Mariano.

Mariano Augusto Monteiro

Mariano Augusto Monteiro foi o melhor empresário de circo português de todos os tempos. Iniciou-se como saltador, posteriormente palhaço e lentamente foi organizando um grupo de artistas e adquirindo algum material, para que, na década de 20, nascesse o seu primeiro circo.
Conheceu grande pujança nos anos 50, tendo desfilado na sua pista grandes nomes do circo mundial: Emílio Zavatta (corda elástica), Logano (contorcionista aéreo), Ant-Platas (malabarista), miss Kate (ursos gigantes), Jolson, Conde de Aguilar, Lion Sacor, Irmãos Campos, Atalaias, D. Aguinaldo, Henry Tony entre muitos outros. Com os anos 70, começaram os problemas financeiros e a ruína de todo o império construído do nada. No Porto, após o incêndio do circo, nada correu bem. Um dos seus primos matou o seu encarregado e assim, foi obrigado a vender o seu nome a Henry Tony (ilusionista). Ao adquirir o alvará, relança o Mariano para o sucesso merecido. No entanto, a vida de Mariano Monteiro não voltou a ser a mesma: conheceu o desamparo e a solidão na velhice. Numa reportagem a que tivemos acesso, o velho palhaço afirmava: "agora que já não sou nada, tenho de viver das ajudas que me dão...o que faço é aparecer na pista, onde me apresentam. Depois sento-me à porta e ali fico.". Foi com a chegada do 25 de Abril e com as exigências (justas) de funcionários e artistas que este circo se afunda definitivamente. Tal como ele, outros tantos fecham as suas portas: Mexicano (actual Ringland), Royal, New-York, Brasil...

É esta a história de um homem que das gargalhadas à velhice conheceu 50 anos de uma vida dura dedicada ao circo.


Sobre a família de Mariano, encontramos uma referência num blogue sobre a povoação de Sobral Magro, situada na Serra do Açor, concelho de Arganil - http://sobralmagro.com.sapo.pt/loca.htm:
(...) Em Sobral Magro nasceu também a família a que chamavam os Comediantes. Esta família migrou para Lisboa e foram donos de um famoso Circo – o Circo Mariano.

Acerca de uma das personagens do Circo Mariano, António Ribeiro ou “Toni das Gaitas”, que viria a ser reconhecido exactamente como tocador de gaita-de-foles, no blogue http://www.gaitadefoles.net/vidas/default.htm:
(...) O homem que tantas despedidas tinha feito aos que partiam, iria também embarcar para África. Não já como militar, visto não ter sido mobilizado, mas como artista do Circo Mariano, que partia em digressão para aquelas paragens. Por lá andou, de Angola foi para Moçambique, daqui para a África do Sul, sempre acompanhado da gaita e agora também do clarinete. Homem de sete ofícios, desempenhou papéis de palhaço e malabarista, montou, desmontou e voltou a montar, as grandes tendas do circo e quando as rajadas furiosas de ventos e vendavais ameaçavam varrer tudo, passou noites inteiras a velar pela sua segurança.


Em 1974, regressou definitivamente e foi fixar-se nos arredores do Porto, na Senhora da Hora. O Circo Mariano, que tinha chegado ao fim dos seus dias, já não lhe podia garantir o sustento diário. Assim obedecendo aos velhos impulsos, começou a formar gaiteiros e a constituir grupos de gaitas e percussões, para animar festas e romarias. Assim nasceram os Gaiteiros Nacionais, agrupamento que chegou a ter 58 elementos. Todos os seus filhos, catorze ao todo, tocam a gaita, rufam na caixa e percutem o bombo.
Falta falar de António Ribeiro como construtor de
instrumentos tradicionais. Várias das gaitas usadas pelos Gaiteiros Nacionais foram construídas por si, tal como as caixas e os bombos, e as peles foi ele quem as curtiu. A qualidade e a perfeição desses instrumentos estão à vista.
Mais do que um gaiteiro, de tão reconhecido como surpreendente virtuosismo, numa arte da qual conserva os traços e cânones essenciais da tradição, António Ribeiro é um excelente exemplo de Cultura Popular sobrevivente no seio da "grande cidade", trazido pelas correntes migratórias que geraram quer movimentos de integração quer focos de exclusão. Rebelde e marginal quanto baste, António Ribeiro é uma verdadeira "ilha" de criatividade expressiva da mais autêntica Cultura Popular que a cidade deve revelar e, como tal, valorizar.
Texto: Excerto do livrete do CD "António Ribeiro - Toni das Gaitas" - Colecção "Gaiteiros Tradicionais" nº8 - Mário Correia / Sons da Terra, 2000
Fotos: APEGDF


Uma nota sobre a concessão de “subsídios” em Angola por Henry Tony a um artista popular, hoje maestro da Associação Cultural Lá-Mi-Ré (Monção e Arcos de Valdevez). http://membres.multimania.fr/lamire2004/maestro_p.htm:
(...) Em 1970 realizou o primeiro espectáculo de "Arte e Cultura Popular" (música, teatro e folclore), com o qual obteve estrondoso êxito. A Câmara Municipal do Lobito e Governo Civil do distrito de Benguela interessaram-se imediatamente por esse género de espectáculos, atribuindo subsídios e ajudando na sua divulgação, o que deu origem a actuações em Benguela, Lobito, Cubal, Ganda, Novo Redondo, Gabela, Nova Lisboa e Sá da Bandeira. Outras entidades, nomeadamente as Câmaras Municipais de Benguela, Novo Redondo, Nova Lisboa e Sá da Bandeira, Companhia de Celulose do Ultramar Português, Robbialac Portuguesa, Companhia dos Cimentos de Angola, Banco de Angola, Lupral Lusalite & Previdente de Angola, etc., concederam bons subsídios. Por intermédio do Director do Centro de Informação e Turismo de Angola (CITA), Dr. José Maria Rodrigues de Vasconcelos, foram concedidos vários outros subsídios, especialmente pelo empresa Henry Tony (Circo Mariano).



De actuações em Évora é dada notícia no blogue http://acribeiro.blogs.sapo.pt/2010/06/:
(...) Quando nos encontramos a poucos dias do início da Feira de São João informamos os amantes da Arte Circense que a Companhia de Circo do Juventude Sport Clube também actuou por várias vezes na Ancestral Feira, nomeadamente no Circo Mariano.


De outra(s) passagens no Alentejo, no blogue http://alentejanando.weblog.com.pt/arquivo/118610.html:

(...) Na missa domingueira o sacristão de ocasião corria pelo corredor lateral até à linha de fundo, centrava, e, repentinamente, num arreganho de ponta-de-lança, o prior mandava o sermão para o fundo das redes do fiel rebanho que conivente com o rápido despacho desandava alegremente para o zaronzel da feira. Era verdadeiramente um fartote de animação.
- Hoje, pelas nove horas da noite, o Circo Mariano apresenta um magistral espectáculo com entrada grátis às damas.
A partir daqui tudo era possível. Com os beiços besuntados de algodão doce e os olhinhos mais arregalados que um mocho, dei fé da tenda onde cabia um mundo de fantasia, um mundo que esticava para lá da rábula do palhaço pobre e do palhaço rico. Da trapezista rechonchuda e do contorcionista com costelas que mais pareciam teclas de piano. Do leão desdentado e do macaco macaco. Um mundo tão magistral em que até o urso sabia andar de mota.

No blogue “Recordações da Casa Amarela” – http://recordacoescasamarela.blogspot.com/2010/10/luanda-coliseum-agora-novo-jornal.html -, a lembrança das passagens do circo por Angola, de um post assinado por Fernando Pereira de 30 de Outubro de 2010:
(...) Angola recebia com regularidade, algumas companhias de circo, que aproveitavam o Inverno em Portugal, para fazerem a sua campanha africana, recebendo inclusivamente subsídios avultados, do Ministério do Ultramar e da Defesa, para um conjunto de espectáculos para as Forças Armadas portuguesas.

O circo Mariano, ficava num terreno desocupado, no cruzamento da Av. Comandante Valódia, com a Alameda Manuel Van-Dunem. A expressão do “ Circo desceu à cidade” aplicava-se apropriadamente a este, propriedade de Henry Tony (nome artístico), pois à volta da tenda grande lá estavam umas jaulas, com animais sedados, e umas roulottes, onde os trapezistas, domadores, palhaços, ilusionistas, todo o conjunto de gente que nos fazia sonhar naquelas duas horas, em que embevecidos, assistíamos a algo que julgávamos impossível acontecer.



Em 1978 o Circo Mariano ainda efectuaria actuações, de acordo com um folheto que o meu pai guardou:




domingo, 28 de novembro de 2010

Novamente a "Gilbardeira"

Estamos a chegar ao Natal e cá está ela novamente, a Gilbardeira, a flor do Natal da nossa zona.

O ano passado já tinhamos falado da Gilbarderira: http://coutinho-afonso.blogspot.com/2009/12/gilbardeira-flor-do-natal.html

domingo, 3 de outubro de 2010

A colocação dos contentores de lixo em Coutinho Afonso

A colocação dos contentores de recolha de lixo em Coutinho Afonso é mesmo uma obra de "iluminados" (da empresa municipal HPEM)!

Vejam-se dois exemplos, em plena Estrada Principal (de nome e de facto):



A distância dos contentores de recolha de resíduos "normais" à estrada - onde circulam responsáveis condutores cumpridores do limite de velocidade de 50 km/hora (já hoje entendido como exagerado) - é de cerca de 50 centímetros!



Quanto ao Ecoponto, a distância de 40 ou 50 centímetros mantém-se, mas a sua colocação estratégica, em plena curva, é de génio!

Para além das questões de segurança - já vários moradores apanharam valentes sustos com as tais bestas do volante -, também a localização desses três contentores, bem defronte da fonte romana, parece mesmo propositada para esconder esse vestígio do passado de Coutinho Afonso.
À atenção da Junta de Freguesia de Algueirão-Mem Martins e da empresa municipal HPEM!

domingo, 19 de setembro de 2010

ETAR de Coutinho Afonso em reunião de Câmara

Na reunião de Câmara do passado dia 11 de Agosto foi aprovada a "declaração de utilidade pública" dos terrenos necessários à passagem das condutas do sistema de esgotos de Coutinho Afonso.

Trata-se da proposta n.º 482-P/2010, do Presidente da Câmara, na qual, ao abrigo do Código da Expropriações (Lei n.º 168/99, de 18 de Setembro), é requerida essa declaração "para constituição de servidão administrativa de aqueduto público subterrâneo". O montante dos encargos das expropriações das 21 parcelas consideradas é de 13.727,60 €.

A proposta, que consta em anexo à acta da Reunião de Câmara, inclui os mapas das servidões, com identificação dos proprietários e dos terrenos/prédios a expropriar - n.º de matriz, freguesia, descrição predial, confrontações, área das parcelas e classificação das terras.

A delibaração pode ser consultada no sítio da Câmara na Internet - http://www.cm-sintra.pt/ (Informação Institucional / Câmara Municipal / Reuniões de Câmara):


"Requerer a declaração de utilidade pública para constituição de servidão administrativa de aqueduto público subterrâneo, de várias parcelas de terreno necessárias à construção do Emissário de Cortegaça e Coutim Afonso, sendo o montante dos encargos a suportar com a servidão de 13.727,60 €.
(Proposta nº 482-P/2010, subscrita pelo Presidente)
Aprovada por unanimidade."



Uma nota final: os nosso SMAS continuam a desconhecer os nomes das povoações do concelho onde desenvolvem a sua actividade - é que a nossa terra chama-se mesmo Coutinho Afonso, e não "Coutim Afonso"; bastará deslocarem-se ao local e verem as placas identificativas...

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Festas de Nossa Senhora da Luz 2010

Iniciaram-se no passado domingo e prolongam-se até dia 8 de Setembro as Festas de Nossa Senhora da Luz, em Cortegaça e Coutinho Afonso.

Eis o cartaz das festas deste ano:


Pormenor do cartaz das festas




Pormenor do cartaz


Capela de Nossa Senhora da Luz

Povoado pré-histórico do Penedo da Cortegaça - 2

Ainda sobre a estação arqueológica do “Penedo da Cortegaça”, apresentamos de seguida a ficha de caracterização constante nos arquivos do Museu Arqueológico de São Miguel de Odrinhas:


Designação: Arqueologia - Povoado pré-histórico do Penedo da Cortegaça

Concelho: Sintra

Freguesia: Pêro Pinheiro

Protecção: Não classificado

Descrição: Habitat. Sítio escavado por Fernandes Gomes não tendo sido, até ao momento, objecto de publicação global. As referências que existem foram recolhidas em notas avulsas elaboradas pelo autor dos trabalhos de campo, onde se alude à abundância de cerâmica decorada com "folha de acácia" e bordos denteados. Prospecções efectuadas na década de 1990 demonstram a existência, a par da cerâmica, de artefactos de pedra lascada e polida que permitem afirmar que o sítio tem vestígios de ocupação do Neolítico, Neolítico final, Calcolítico(?) e campaniformes.

Acesso: Interdito.

Fonte: Museu Arqueológico de São Miguel de Odrinhas

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Presidente da Junta visita Coutinho Afonso

Deslocou-se hoje a Coutinho Afonso o Presidente da Junta de Freguesia de Algueirão-Mem Martins, Sr. Manuel do Cabo.

Esta visita deu resposta a convite do Sr. Joaquim Pechilga, tendo como causa próxima a realização das Festas de Cortegaça, que se iniciarão no próximo fim-de-semana.

Como se sabe, a procissão das velas e a recolha de “cargos” para a procissão de N. Sra. da Luz, no dia 8 de Setembro, decorrerão também em Coutinho Afonso, e o estado de “conservação geral” da povoação é mesmo “pouco compatível” com as festividades (para além de todos os outros aspectos sobejamente conhecidos, neste momento o matagal é assustador), pelo que o Sr. Pechilga chamou mais uma vez a atenção para esse facto.

O Sr. Presidente da Junta foi acompanhado pelo responsável da nova Divisão de Serviços Urbanos 1 da Câmara Municipal de Sintra (DSU1), Eng. Sérgio, que operacionalizou ainda para esta semana a limpeza de parte do mato da povoação, incluindo da fonte; a DSU1 procederá também a obras de recuperação do fontenário do centro da povoação e à reparação dos dois pontões na estrada principal, junto ao Rossio.



O Sr. Presidente da Junta abordou também a questão do prometido parque de lazer no Rossio, mas a sua execução parece não passar por essa estrutura camarária.

Foram ainda abordadas outras necessidades da povoação como os passeios, as passadeiras (a falta de ambos), e a colocação dos contentores, em especial os de reciclagem (apresentaremos oportunamente fotografias da sua óptima localização, seleccionada pela empresa municipal HPEM).

Coutinho Afonso agradece certamente a visita do Sr. Presidente da Junta e do responsável da CMS, esperando que ela seja o “início de uma bela relação…”.

domingo, 8 de agosto de 2010

ASCENDI ignora peões

Na estrada do Algueirão para Coutinho Afonso existe um viaduto sobre a auto-estrada A16.
Como se recordarão, a estrada antiga foi destruída pela construção da A16 tendo, graças à mobilização dos habitantes sobretudo de Coutinho Afonso, Raposeiras e Cortegaça (ver posts de Setembro de 2008), sido construído um novo troço de estrada que contorna a Serra de Maria Dias.
Nesse novo troço de estrada foi então construído um viaduto que permite a circulação sobre a A16, circulação automóvel mas também dos peões, que não têm actualmente alternativas face à destruição dos antigos caminhos pedonais pelo corredor da auto-estrada.
Pois, era suposto os peões usarem integralmente o viaduto, mas esta semana a empresa exploradora da A16 - a ASCENDI -, resolveu "proteger o viaduto" dos automobilistas eventualmente desgovernados que possam procurar uma "aterragem" na pisa da auto-estrada.
Assim, a ASCENDI colocou entre o passeio de um dos lados do viaduto e a via de circulação uns blocos separadores em betão:
Tudo bem (ou talvez não, uma vez que estas protecções se encontram já no asfalto), só que no outro topo do viaduto taparam o acesso ao seu passeio:
Ou seja: os peões foram atirados para o asfalto, tendo de caminhar nos 30 centímetros que separam os blocos de betão da linha contínua da estrada:
Sem comentários...

A outra Casa Saloia da Barrosa

Como diz a canção, "afinal havia outra".

Neste caso é outra Casa Saloia, ainda que muito alterada, em melhor estado de conservação que a que indicamos em 4 de Outubro de 2009 ("A última Casa Saloia da Barrosa"):

Mais um acidente rodoviário...

Mais uma vez os "selvagens do asfalto" fazem das suas no interior de Coutinho Afonso, e mesmo sobre o (único) passeio da povoação.

Desta vez, na passada 6.ª feira, foi atingido um poste de madeira, que só ficou de pé graças aos seus cabos telefónicos:


Apesar da violência do embate a "besta" conseguiu fugir. Claro que se estivesse alguém a passar no local...

Já várias vezes demos aqui nota da falta de condições de segurança na circulação dos peões em Coutinho Afonso. Como dizíamos em Setembro de 2008:


Como é sobejamente conhecido - nomeadamente pela Junta de Freguesia -, a povoação não dispõe de qualquer passadeira ou de dispositivos de redução de velocidade, à excepção de dois semáforos nas entradas da povoação que, também como é do conhecimento geral, ninguém respeita - desafiamos as autoridades a confirmar com os seus próprios olhos (nem é preciso radares)esta afirmação.

Dois anos passados a situação mantém-se exactamente como descrito. Enquanto forem só muros e postes atingidos pelos automóveis parece que os responsáveis políticos e policiais continuam a dormir bem..

quinta-feira, 10 de junho de 2010

Festa na Aldeia do Penedo

Iniciaram-se ontem as Festas do Divino Espírito Santo, no Penedo, pequena aldeia situada na Serra de Sintra, junto a Almoçageme.

Foto das Festas do Penedo de 1978

Essas festas não se realizavam há 10 anos, pelo que não deve mesmo perder-se esta oportunidade de assistir à, porventura, mais característica romaria do concelho de Sintra.

As "Festas do Divino Espírito Santo" no Penedo, têm uma riquíssima história, remontando de forma mais directa ao reinado de D. Dinis e à sua mulher a rainha Santa Isabel, mas com raízes mais bem antigas e profundas, como o provam os vários estudos que têm sido realizados sobre elas.

O Penedo é o último local do continente português onde são realizadas festas do "Império" ou do "Espírito Santo", que continuam a existir em muitos locais dos Açores, em particular na ilha Terceira.

Para um melhor contacto com a importância das Festas do Penedo recomendamos a leitura da separata que o "Jornal de Sintra" de 4 de Junho passado publica em http://www.jornaldesintra.com/2010/06/festas-em-louvor-do-divino-espirito-santo-do-penedo-colares-%e2%80%93-sintra/

Também no blogue "A Gazeta Saloia" pode encontrar mais alguns materiais -
http://agazetasaloia.blogspot.com/

domingo, 14 de fevereiro de 2010

Escola do Algueirão, classe feminina de 1939.1940

Do álbum de fotografias da minha Mãe extraí uma fotografia da classe feminina de há 70 anos (1939-1940):




A professora era a saudosa Dona Stela, falecida não há muitos anos. Os alunos eram do Algueirão Velho, mas também das aldeias vizinhas, incluindo de Coutinho Afonso (eram uns bons três quilómetros a pé por carreiros, no Inverno rigoroso de então com muito frio e debaixo de chuva, certamente com a "barriga não muito composta"...).

A Escola do Algueirão Velho situava-se na bifurcação da Estrada do Algueirão com a das Mercês/Rinchoa e fechou em 1966, com a passagem dos alunos para a então ampliada escola situada junto à Igreja; recordo-me dessa passagem, fui acabar lá a 4.ª classe.

O edifício ainda lá está, é hoje um stand de motos e automóveis:

O Carnaval e as Cegadas

O Carnaval está aí e, salvo raras excepções, todo ele centrado nos desfiles mais ou menos "abrasileirados".

Nem sempre foi assim nas nossas bandas. Recordo-me de miúdo dos grandes bailes dos Recreios Desportivos do Algueirão, mas, sobretudo, das Cegadas no largo fronteiro à "Sociedade" e no "Rossio" de Coutinho Afonso.

Já passaram muitos anos desde que assisti à última cegada, quase 40. Uma descrição mais rigorosa que a da minha memória, do livro "Mem Martins, Retratos", de Zé de Fanares (*):


Do mesmo livro, outra história de Carnaval:



(*) Sobre o livro de onde extraímos estas histórias, um artigo de Filomena Oliveira/Luís Martins no blogue da Associação Cultural Alagamares (24.09.2006) - primeirosite.alagamares.net/artigo229.html:
Constituído a partir da rubrica jornalística "Retratos", publicada no Jornal de Sintra ao longo da década de 80, escrita pelo memartinense Luís Pedroso Miguel, que assina com o pseudónimo "Zé de Fanares", nome do pequeníssimo lugar ou povoado onde se construiu o apeadeiro do comboio, entre Algueirão e Mem Martins, hoje recordado com o nome de Rua de Fanares, Mem Martins. Retratos evidencia-se como um livro de crónicas-contos que recupera o modo comum de vida das populações da freguesia até ao final da primeira metade do século XX, um modo de vida eminentemente rural, regrado pelos ciclos das sementeiras, ceifas e colheitas, pelo transporte animal (o cavalo, o burro) e pelas profissões aldeãs (lavradores, abegoeiros, moleiros, canteiros, pedreiros, sapateiros, taberneiros…), a que se iam juntando quintas e moradias de veraneio. As "cegadas" e as "danças", com cantigas ao desafio, como festas aldeãs, são descritas com primor, bem como os bailes à luz do petróleo (e o primeiro arraial popular à luz de um gerador, em 1928) na casa do Zé Caixeiro.

domingo, 7 de fevereiro de 2010

O povoado pré-histórico "Penedo de Cortegaça"

A ocupação humana de Coutinho Afonso remontará aos tempos do Paleolítico, como é registado na estação arqueológica da "Casa Caída" - ver post neste blogue de Junho de 2009.


Mas o mais conhecido testemunho da ocupação humana na nossa área data do Neolítico, com o povoado pré-histórico designado "Penedo de Cortegaça", situada na fronteira das duas freguesias (Pero Pinheiro e Algueirão-Mem Martins) e ocupando áreas de ambas.

Essa estação foi objecto de várias intervenções arqueológicas, sendo referenciada em algumas publicações:


  • GOMES, J. J. F. (1971) - Objectos manufacturados sobre osso do povoado pré-histórico do Penedo (Cortegaça-Sintra). In Actas do II Congresso Nacional de Arqueologia, Coimbra: Junta Nacional da Educação

  • SIMÕES, T. (1996) - O Sítio arqueológico de São Pedro de Canaferim (Sintra): Contributos para o estudo da Neolitização da Península Ibérica

  • SOUSA, Ana Catarina (1996) - O Neolítico final e o Calcolítico na área da Ribeira de Cheleiros (dissertação de Mestrado em Pré-história e Arqueologia)

  • Os dois últimos trabalhos referidos foram encontrados em - www.ipa.min-cultura.pt/pubs/TA/folder/11/


    Do segundo trabalho (Teresa Simões) extraímos a "Ficha de Sítio" e imagens de espólio aí encontrado:

    Do trabalho de Ana Catarina Sousa, efectuamos um pequeno resumo:

    Esta autora diz-nos que o Penedo de Cortegaça foi um pequeno povoado ocupado desde o Neolítico (5.000 a.C. a 2.000 a.C.) até ao Calcolítico (3.100 a 2.000 a. C.), fazendo parte de um núcleo de sítios, do qual o mais próximo era o Alto do Montijo (Morelena), mas que incluiria vários outros no que designa de área da Ribeira de Cheleiros; os principais seriam o Penedo de Lexim e Oulelas (Sabugo).

    O Penedo de Cortegaça era um povoado aberto, não fortificado, mas situado em cumeada, com condições de defensabilidade (a cerca de 200 metros de altitude); situava-se junto a terrenos com grande aptidão agrícola (a várzea da Granja), e os seus habitantes praticariam a pastorícia, o que será testemunhado por vestígios de queijeiras.

    Este povoado estaria ainda relacionado com necrópoles funerárias contemporâneas, nomeadamente a muito próxima e já destruída Folha de Barradas, na Granja do Marquês.

    Alguns excertos do seu livro:




    As duas últimas fotografias e as suas legendas são bem elucidativas das nossas (de todos, se bem que uns com mais responsabilidades do que outros - referimo-nos aos poderes políticos, claro) preocupações com o Património!
    Do crime ambiental que foi (e continua a ser) a pedreira falaremos mais tarde.